O Evangelho de Mateus nesta liturgia, nos apresenta um momento decisivo entre a esperança humana e a revelação divina. João Batista, preso por causa da verdade que anunciava, envia discípulos para perguntar a Jesus: “És tu aquele que há de vir?” Sua pergunta não nasce de dúvida, mas do desejo sincero de confirmar que o Messias realmente se manifestou na história, e que sua dedicação ao anúncio de Deus encontrou seu cumprimento.
Jesus responde com sinais e não com teorias: cegos veem, coxos andam, pobres recebem a Boa-Nova. A identidade do Messias se reconhece pela vida restaurada e pela misericórdia que toca feridas e renova esperanças, como se diante dos olhos de João e dos nossos o mundo escuro começasse lentamente a ganhar luz, como quando a madrugada rompe o silêncio e revela cores que ninguém via. Essa resposta confirma João, mas também ensina que a presença de Cristo se percebe onde a caridade se torna gesto concreto e onde a graça gera transformação.
A seguir, Jesus fala ao povo sobre João Batista, exaltando sua firmeza e sua fidelidade. João não buscou honras, nem se deixou levar por conveniências; foi profeta inteiro, voz que abriu caminhos para o Senhor. Nele, a longa expectativa de Israel encontra seu ponto mais alto, pois João é a ponte entre a promessa e o seu cumprimento, e por isso, Jesus afirma que entre os nascidos de mulher não surgiu alguém maior do que ele.
Mas o Evangelho traz também um chamado surpreendente: “o menor no Reino dos Céus é maior do que ele”. Essa afirmação não diminui João; engrandece a responsabilidade daqueles que receberam o Cristo já revelado, pois ser discípulo não é um título, mas uma tarefa: viver de modo que nossas ações confirmem a fé que professamos. A grandeza do Reino se reconhece no testemunho e na conversão diária.
Assim, Mateus neste Evangelho nos conduz a um compromisso profundo: assumir a fidelidade de João que ensina a perseverar mesmo quando não vemos tudo com clareza, e a misericórdia de Jesus que nos revela que o Reino acontece onde a vida é curada e levantada. Entre a pergunta do profeta e a resposta do Senhor nasce nosso próprio chamado a testemunhar o Evangelho com coerência.
Meditemos: Se Jesus está entre nós e o mundo ainda não O reconhece, será que é porque nossas obras já não O revelam, como fez João Batista ao anunciar Aquele que liberta e dá vida?
Paz e Bem!
Juarez Arnaldo Fernandes (JF)
Especialista em Cristologia pelo Centro Universitário Claretiano e Membro do
Conselho Fiscal da Rádio Alvorada