A Arquidiocese de Londrina concluiu no sábado, 25 de outubro, o caminho sinodal para elaboração do 18º Plano Arquidiocesano de Ação Evangelizadora. A Assembleia Arquidiocesana, último passo dessa caminhada, reuniu 250 delegados representantes de todas as instâncias da Igreja de Londrina para discutir e aprovar o texto final do plano, que contém as prioridades, metas e ações que nortearão a ação pastoral da arquidiocese nos próximos quatro anos.
O plano busca aprofundar a fé, promover a comunhão, o testemunho cristão e responder aos desafios da sociedade atual a partir de cinco eixos, que orientarão as atividades pastorais: 1) Comunhão; 2) Participação; 3) Missão; 4) Juventudes; e 5) Ecologia Integral. “Nós já sabemos por onde vamos caminhar nos próximos anos como arquidiocese. Esse vai ser o nosso guia pastoral”, explica padre Alexandre Alves Filho, coordenador da Ação Evangelizadora da arquidiocese.

No período da manhã, o padre Leandro Megeto, subsecretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), fez uma explanação, de forma on-line, sobre a análise de conjuntura eclesial. À tarde, os 250 delegados discutiram o texto do documento que já havia sido refletido em pré-assembleias e puderam dar seus pareceres. “Foram delegados para esta assembleia, quem participou das 19 pré-assembleias, foi a grande novidade da elaboração desse plano. A partir daí, eles foram divididos em grupos para trabalhar cada um dos cinco eixos. E agora, com o resultado daquilo que escreveram, a gente vai retomar o texto e modificá-lo de acordo com os anseios dessa assembleia.”

O arcebispo dom Geremias Steinmetz afirma que as grandes discussões das pré-assembleias e da assembleia estão agora refletidas no plano. “O trabalho foi concluído com êxito. Um trabalho interessante que agora precisa ser bem analisado para a gente conseguir também transformar em trabalho pastoral, efetivamente para o anúncio do Evangelho, para a formação da comunidade e, enfim, para o anúncio da proposta de Reino de Deus que Jesus nos trouxe.”
Caminhada
A marca desse plano é a sinodalidade, inspirada no Papa Francisco. Por isso, a caminhada de elaboração durou dois anos e incluiu aplicação de quase 3 mil questionários em todo território arquidiocesano, escuta sinodal e realização de pré-assembleias envolvendo decanatos, paróquias, movimentos e grupos.
A assembleia é a conclusão desse processo que procurou vislumbrar o horizonte a se alcançar como Igreja, explica o padre Altair Manieri, membro da equipe de reestruturação responsável por organizar a assembleia. “Uma Igreja de comunhão, de missão, de participação e, sobretudo, sinodal. Ou seja, uma Igreja que caminha junto, não dependendo só do bispo ou dos padres, da hierarquia, mas num processo de escuta conjunta, coletiva e colher os frutos desse processo na caminhada”, ressalta padre Altair.
Segundo o padre Dirceu Fumagalli, também membro da equipe de reestruturação, o processo de construção do plano conseguiu ter grande participação e representatividade. “Aqui não era um grupo muito grande, mas é um grupo bem representativo, e ele é representativo não só numericamente, geograficamente, mas, por assim dizer, do pensamento da Igreja de Londrina. O pensamento da Igreja de Londrina estava aqui hoje. Às vezes as pessoas ficam um pouco assustadas com as ideias muito díspares entre elas. Mas é isso, é a realidade. Nós temos que trabalhar a partir desse real”, destaca padre Dirceu.

Trabalhos pastorais pensados em três níveis
Dom Geremias explica que assim como aparece no 18º plano, os trabalhos pastorais na Arquidiocese de Londrina são pensados em três níveis: pessoa, comunidade e sociedade. “A pessoa está incluída numa comunidade e está incluída na sociedade”, explicou o arcebispo.

No nível pessoa, “a Igreja se preocupa com o indivíduo, com as suas questões individuais no sentido da fé, no sentido da vida, da existência. Cada indivíduo traz em si questões que ele particularmente precisa responder, às vezes independente da sua família, independente da comunidade e às vezes até da Igreja”, destaca.
No nível seguinte, a Igreja trabalha para formar comunidades fortes, onde várias questões são debatidas, como a sinodalidade, a liturgia, a catequese, a Iniciação à Vida Cristã, a organização econômica, a organização dos conselhos, “para que o povo de Deus possa cumprir a sua função como comunidade no mundo de hoje.”
Em terceiro nível, a Igreja atua em vista da sociedade. “O Concílio diz que Jesus Cristo é a luz do mundo e a Igreja também é luz para o mundo”, ressalta o arcebispo. Assim, a Igreja pode continuar influenciando também a sociedade, “influenciando as pessoas do nosso tempo para que possam amar mais a Deus, talvez começarem a amar a Deus, começarem a entender Jesus Cristo, seu evangelho e a proposta de Reino de Deus que Ele veio nos trazer”, finaliza.
Participação
O corpo de 250 delegados da assembleia foi composto de padres, diáconos, religiosos e religiosas, leigos e leigas, representantes de todos os decanatos da arquidiocese, assim como de pastorais e setores específicos. Eles foram divididos em grupos por eixos temáticos e analisaram a viabilidade de cada uma das propostas de ação presentes nos eixos.

Padre Augustin Mukamba, do Decanato Cambé, missionário presente no Brasil há 15 anos, participou do eixo missão. Segundo ele, este foi um momento histórico para a arquidiocese e o 18º pode ser considerado de fato um plano sinodal. “No grupo, tivemos colaborações muito bonitas, ótimas propostas para colocar em prática o nosso plano de ação de evangelizadora. A primeira delas é justamente a conversão missionária, a conversão espiritual de todos nós, para acolher esse novo pentecostes, esse novo plano, que sem dúvida vem para transformar a vida da nossa Arquidiocese de Londrina, a vida das nossas paróquias, das nossas comunidades e a vida de cada um e cada uma de nós”, destaca padre Augustin.
Irmã Deise Murakama, representante da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), conta que participou de todo processo de construção do plano e também da assembleia. No grupo, ela ajudou a discutir e aprovar as propostas do eixo comunhão e agora espera que o plano possa atender às maiores necessidades das pessoas. “Depois de toda essa experiência, tenho uma esperança muito grande de que todo esse plano de evangelização da nossa Arquidiocese de Londrina possa corresponder com as necessidades mais urgentes do nosso povo”, fala irmã Deise.
Para Solange Cristina Batigliana, do Decanato Leste, a assembleia foi uma oportunidade de refletir e trazer as realidades do mundo para a realidade da Igreja. “Cada momento da vida e cada momento que a gente vive precisa estar refletido também na Igreja. Então esse momento de assembleia, com a discussão de todas as propostas que foram debatidas, é muito importante, muito rico.”
No grupo, Solange debateu o tema da Ecologia Integral. Segundo ela, as discussões giraram em torno da questão do testemunho que o cristão é chamado a dar na observação do cuidado com a Casa Comum. “É muito importante para o cristão testemunhar o cuidado, o zelo com a casa que é de todos.”
Enzo Otávio Zanetti, representante do Setor Juvenil, destacou que a juventude tem um papel essencial no plano de ação evangelizadora, tanto que é um dos eixos temáticos do documento. “No meu grupo nós discutimos sobre a comunhão e como é importante termos uma Igreja que acolhe, uma Igreja que escuta, uma Igreja que realmente está querendo preparar as pessoas para esse encontro pessoal com Cristo.”
“Eu acredito que esse plano tem a possibilidade de abrir as portas da Igreja de Londrina, mas também abrir o coração de Jesus para as pessoas. Nós somos uma arquidiocese que segue o Sagrado Coração de Jesus, essa é a nossa referência. E eu acho que bem aplicado a cada realidade, esse plano de evangelização é capaz de atrair muitas pessoas para a nossa arquidiocese”, finaliza o jovem.
Ao final da assembleia, o arcebispo dom Geremias anunciou o nome do padre que assumirá a coordenação da Ação Evangelizadora a partir de 2026: opadre Dirceu Junior dos Reis, pároco da Paróquia São José Operário.
Juliana Mastelini Moyses
Arquidiocese de Londrina
Fotos: Guto Honjo, Juliana Mastelini Moyses, Terumi Sakai e Tiago Queiroz












