No silêncio do deserto da Judeia, João Batista surge como uma voz despojada, livre de vaidades, fiel somente ao chamado de Deus. Ele não anuncia a si mesmo, mas o Reino que se aproxima, e por isso proclama com firmeza: “Arrependei-vos, pois o Reino dos Céus está próximo”, um convite urgente a reencontrar a verdade do coração.
João não suaviza sua mensagem para agradar, e diante dos fariseus e saduceus, denuncia a aparência de religiosidade que não transforma a vida. Ao chamá-los de “raça de víboras”, revela o perigo de uma fé sem frutos, recordando que a verdadeira conversão exige mudança real e espaço aberto para Deus.

Ele também aponta para o Messias que vem com justiça e discernimento. A pá que separa trigo e palha simboliza purificação; e o fogo do Cristo não destrói, mas transforma. Deus queima o que impede a plenitude e faz renascer o que é verdadeiro, porque o Reino chega não para condenar, mas para libertar.
João sabe que seu batismo é apenas começo. “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”, afirma com humildade. Ele é a voz, não a Palavra; a ponte, não o destino, e seu papel é conduzir todos ao que é maior, ao Messias cujas sandálias não se considera digno de carregar.
Por isso Mateus apresenta João como profeta de coragem e coerência. Sua voz atravessa o tempo porque viveu o que pregou; e ainda hoje, ele nos convoca à conversão e à abertura ao Deus que se aproxima. Preparar o caminho do Senhor é tarefa contínua, feita de escolhas sinceras e desejo verdadeiro de viver o Reino que nasce entre nós.
Meditemos: Hoje, somos voz como João Batista diante de um mundo que muitas vezes silencia a verdade do Evangelho ? Diante de quais injustiças, indiferenças e acomodamentos levantamos a nossa voz para preparar, de fato, o caminho do Senhor?
Paz e Bem
Juarez Arnaldo Fernandes (JF)
Especialista em Cristologia pelo Centro Universitário Claretiano e Membro do
Conselho Fiscal da Rádio Alvorada